Estudante é deportada por não seguir regras do visto na Austrália
O intercâmbio na Austrália tem tudo para ser uma experiência maravilhosa. Imagina você morar e estudar num belo país com ótima qualidade de vida e conhecer lugares e pessoas, além de aprender uma nova língua.
A princípio parece não ter como dar errado, mas para que você tenha uma experiência incrível e completa, é importante estar atento às regras e condições do visto de estudos do país.
O departamento de imigração da Austrália tem autonomia para recusar a renovação do visto de estudos caso verifique que a intenção do requerente não seja genuína em relação aos objetivos do intercâmbio.
Há ainda a possibilidade de cancelamento de um visto já concedido com risco de deportação para o estudante caso ele não siga as regras que incluem frequência nas aulas, presença nas provas, entrega de trabalhos escolares, entre outras.
Para mostrar como esse assunto é sério, a gente conversou com a Patricia, estudante que não seguiu as regras do visto e foi deportada ao tentar entrar de volta na Austrália após um período de férias na Ásia.
Interrogatório e detenção
Passados três anos desde que foi deportada da Austrália por não ter seguido as regras do visto de estudos, Patricia Lopes, curitibana de 28 anos, hoje consegue falar sobre o assunto com tranquilidade. Mas ao descrever o que aconteceu, a gente percebe que ela passou por momentos bem difíceis.
Patricia conta que ficou cinco horas numa cabine no aeroporto de Melbourne sendo interrogada até receber a notícia de que seria deportada. Ela foi enviada para um centro de detenção onde passou duas noites até a colocarem num voo de volta para o Brasil.
“Havia vários presos (no centro de detenção) e até famílias de refugiados que chegaram na Austrália sem documentos. Conheci homens que estavam aguardando havia 5 anos por uma chance de recomeçar, de ter uma identidade e poder entrar no país. Se fossem enviados de volta aos seus países, poderiam ser mortos. Foram duas longas noites. Os fiscais vinham de hora em hora com a lanterna para olhar dentro do quarto”, ela lembra.
Mas o que levou a Patricia a passar por essa situação e a ser deportada da Austrália? Numa entrevista concedida por e-mail para a WEST 1, ela contou todos os detalhes. É o que você confere a seguir.
Férias sem final feliz
Patricia chegou em Melbourne, na Austrália, em maio de 2014 e estudou um ano de inglês. Quando acabou o curso ela resolveu renovar o visto de estudos por mais dois anos e se matriculou num curso de Patisserie, muito popular entre os estudantes de gastronomia que querem se especializar no preparo de bolos e doces.
Quando completou seis meses de curso, já no segundo visto, Patricia teve férias escolares e resolveu fazer um mochilão pela Ásia com um amigo, destino muito comum entre estudantes internacionais na Austrália pela proximidade e baixo custo.
Ela terminou a viagem na Tailândia, onde encontrou o noivo dela na época, um australiano, para ir a um casamento. Ao final de 30 dias de viagem, com uma semana de aula perdida e vários trabalhos escolares atrasados, ela e o noivo retornaram à Austrália em voos separados.
Ele chegou 15 minutos antes no aeroporto de Melbourne, e assim que ela chegasse eles se encontrariam e iriam juntos para casa. Mas isso nunca aconteceu. Patricia não pôde mais sair do aeroporto de Melbourne. Foi dali pro centro de detenção e depois de volta para o Brasil.
COE (Confirmation of Enrolment) cancelado
“Meu COE (comprovante de matrícula) tinha sido cancelado pela escola fazia 2 dias. Na hora que passei nas cabines com meu passaporte, logo me pediram para eu aguardar na lateral e na sequência veio um fiscal pedindo meu passaporte, celular e qualquer outro objeto eletrônico que eu tivesse”, conta Patricia sobre a chegada dela no aeroporto de Melbourne ao voltar da Tailândia.
Demorou um bom tempo até dizerem para a Patricia que ela seria deportada. Durante as mais de 5 horas em que ela foi entrevistada, os oficiais de imigração entraram em contato com o noivo dela e com a escola onde ela estudava. A escola informou que ela havia faltado e que não tinha feito os trabalhos pedidos. Por isso o cancelamento do COE, documento fundamental para que um visto de estudos seja válido na Austrália.
Patricia diz que não sabia que corria o risco de ser deportada. “Na verdade eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo, até porque o amigo que viajava comigo havia recebido um alerta de deportação no e-mail dele e eu nunca recebi nada. Eles alegaram que enviaram 3 cartas para meu apartamento mas essas cartas nunca chegaram até mim”.
Tristeza e impotência
Sobre o que sentiu ao receber a notícia de que seria deportada, Patricia diz o seguinte: “Quando falaram que eu teria que ir para casa no próximo voo que a companhia aérea que me trouxe da Ásia conseguisse, foi um sentimento terrível de tristeza, e uma sensação de que eu tinha falhado. Passou um filme na minha cabeça, fora o que eu teria que deixar para trás, entre sonhos, amigos e o meu companheiro na época.”
Já no centro de detenção, Patricia pôde receber os amigos e o noivo, que foi quem arrumou as malas e levou pra ela. Na correria, alguns objetos ficaram pra trás. Mas o que mais pesou, segundo Patricia, foi ter que se desfazer dos vinculos afetivos que ela tinha construído com as pessoas em Melbourne.
“Meus amigos falavam que parecia que alguém tinha morrido, e eu sentia o mesmo, de certa forma”, diz Patricia se referindo ao rompimento brusco das amizades e do noivado pela distância física consequente da deportação.
Tentativa de ficar
Ainda no centro de detenção, Patricia tentou reverter a situação. Recorreu a amigos advogados, conseguiu uma carta da diretoria da escola voltando atrás no cancelamento da matrícula, e chegou a ter esperança de ficar. Mas não deu certo.
Ela se lembra bem dos últimos instantes na Austrália. “Quando meus amigos estavam indo embora de uma visita um fiscal me avisou que meu voo sairia em 2 horas e que era pra eu me arrumar. Aquilo foi desesperador. Aquele adeus eu nunca mais esquecerei.”
Recomeço
Hoje Patricia avalia o que aconteceu como um recomeço. “Minha missão não estava na Austrália, já havia cumprido ela por lá e era hora de voltar pra casa, mesmo que naquele momento tenha sido tão sofrido”.
De volta a Curitiba e rodeada pela família, ela agora está feliz. Se casou com um paulista e acabou de dar à luz o primeiro filho.
Questionada se faria algo diferente caso o intercâmbio fosse hoje, ela diz: “Eu escolheria uma escola com um nível melhor e me dedicaria mais com certeza”.
Patricia conclui a entrevista com uma dica aos futuros intercambistas: “Não tem segredo, é só seguir as regras do jogo e aproveitar cada segundo porque é uma das experiências mais enriquecedoras da vida”.
Que tal seguir o conselho da Patricia e se informar sobre todas as regras do visto de estudos na Austrália? A gente preparou um post com todas as informações sobre os vistos de estudos e de turismo.
Acesse o post para entender qual é a melhor opção pra você, documentos necessários para tirar o visto e tudo o que você precisa saber sobre direitos e deveres de quem está na Austrália para estudar ou passear.
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